Case inaugura escola para abrigar até 120 alunos

Foto: Charles Guerra (Diário)
Novo espaço demorou nove meses para ser finalizado

Professora de história em uma escola municipal e, há cinco anos também ministrando aulas na Escola Estadual Humberto de Campos que funcionava dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Santa Maria, Clea Barros da Silva acredita que iniciativas educacionais são a chave para a ressocialização de adolescentes infratores. Na tarde desta quinta-feira, a educadora não conteve as lágrimas quando viu que o esforço cotidiano ganhou um sentido, literalmente, concreto. A escola inaugurava seu novo prédio. Na cerimônia, estavam políticos, agentes do Estado e professores.

_ Nosso trabalho dentro da sala de aula não faz diferença de quem são ou o quê esses alunos fizeram. Construímos uma relação de confiança, que conquistamos dia a dia. Ter um local adequado para nós e para eles muda tudo. E é a educação que transforma o mundo deles, nós somos só a ponte.

_ Parece escola de verdade. Tem até banheiro com vaso _ disse um interno do Case, de 16 anos.

Condenadas com os filhos

É que a nova estrutura _ a primeira de outras nove estruturas da fase do Estado a serem modernizadas _ conta com dois banheiros adaptados para acessibilidade, seis salas de aula, secretaria, direção e biblioteca com área multimídia. A área tem capacidade para abrigara até 120 alunos. Até a tarde de ontem, o Case contava com 73 internos, 19 professores e quatro funcionários. São oferecidos Ensino Fundamental para adolescentes de até 15 anos, Educação de Jovens e Adultos (EJA) para os maiores de 15 anos, Ensino Médio, além de oficinas e projetos.

_ A partir de agora, eles deixam de ser alunos privados de liberdade. Aqui é uma escola com dignidade _ acrescenta Rosane Graviolli Grassi, coordenadora pedagógica do Case, que menciona que, pela primeira vez, os adolescentes terão acesso ao banheiro com um vaso sanitário e aulas em silêncio. Entre os problemas do antigo espaço, estavam o barulho, já que as salas de aula eram ao redor da quadra de esportes e só funcionavam no contraturno, e a ausência de banheiro dentro da própria escola.

Adolescentes infratores do Case de Santa Maria terminam pintura de painéis do Cartucho

A obra em alvenaria tem 372m², levou nove meses para ser construída e contou com um investimento de R$ 692.569,29 por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público do Estado.

Licitação para muro

Foto: Charles Guerra (Diário)
Novo espaço demorou nove meses para ser finalizado

A inauguração da escola também contou com o anúncio de uma licitação para o muro que teve a obra interrompida em 2011. À época, haviam sido investidos 1, 8 milhão. A previsão é que a abertura do novo processo licitatório seja em abril, com R$ 1,2 milhão e prazo de seis meses de execução.

Na mesma cerimônia, também houve a cedência por 15 anos de um prédio do município à Fase. Uma casa situada na Rua Carlos Hur, na esquina com a Rua Benjamin Desconzi, no Bairro Uglione, que estava abandonada há quase cinco anos e que abrigou, por décadas, a antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem). Atualmente, cerca de 20 adolescentes estão em uma unidade de semiliberdade em uma escola municipal.

_ A ideia é que possamos investir para que esses adolescentes possam retornar. Quando a nova escola, eles terão a garantia de 200 dias letivos, infraestrutura e um ensino qualidade, reconhecido pelo MEC _ pontuou o presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), Robson Luis Zinn.

O CASE

*Conforme a diretora do Case, Magali Marques da Rocha 

• Capacidade _ 40
• Internados _ 73
• Superlotação _ 33 a mais 
• Idades _ Entre 13 e 19 anos
• 25% dos internados cumprem medida socioeducativa por infrações de menor potencial ofensivo (furtos)
• 75% deles cumprem medida socioeducativa por infrações de maior potencial ofensivo (crimes contra a vida, como roubos, homicídios e latrocínios